quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CHOFRE

Pela morte, na dor de um ser perdido
na doença da sina desgarrada
que de sangue infecto foi manchada
em epitáfios de mármore, berço ungido.

Pela lágrima que rola desmembrada
de um olho sem brilho e carcomido
mendicante, que vagueia distraído
rumo à lápide de musgo escarpada.

E no lodo que forra a laje fria
tomba inerte, um corpo indo a tumba
dormitando na noite de agonia.

Mas a brisa que envolve e que retumba
sopra leve num compasso de orgia
fabricando de areia a catacumba.




Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 77)

POÉTICA

Vastos desarrimos gráficos
desvairados nos gozos plácidos
dos lóquios trágicos
irmãos de leite.

Torpes desapuros leigos
visões irônicas de vã letra
na máscara preta
irmãos de sangue.

Críticas oblacionadas ao léu
contravenção de rara helicose
da repulsiva simbiose
irmãos de sexo
(Poesias).



Linaldo Oliveira
(Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 15)

DE UMA MORTE CERTA



Posto ao leito de morte
esperado, depois de viver
velhos e intrusos anos...
(Não que a morte me cause desagrado
mas pra vida eu tinha mais planos).

Quando frívolo
sem trama e isolado
um menino, inda novo de enganos
mais mortal que conserto sem eira...
(só um alvo da morte certeira).


Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 31)

PARA UMA MENINA

Pela lágrima que aflora
pelo dor que te devora
coração que faz penar.

Beleza que não se acaba
qual estrela que desaba
pra teu rosto iluminar.

Por que choras flor pequena
que tristeza te condena
tanta angústia em teu olhar.

... mesmo triste, és divina
flor do campo, flor menina
só te resta acreditar.


Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 43)