Escrever pra que?
Fazer prosa ou rima
desenvolver o clima
na siombiose do ser?
De nada adianta
pois ninguém lê!
Se fosse um assassinato
um acidente
um assassino?
Um esquartejado menino
vísceras no asfalto, um assalto
legiões estariam aos cotovelos
saciando seus zelos
pois a morte fascina...
E se fosse menina
com genitálias rasgadas?
Ah! Seriam milhares
de "n" lugares
ávidos por fotos.
(Não prescisa rimar,
afinal não há ninguém pra notar!)
E motos?
Quebradas que ficam
debaixo de carros?
As pernas e braços
que ficam nas estradas
de sangue banhadas.
Os destinos?
A "veja"!
(É com "v" minúsculo, mesmo!)
Ver.
Sôfrego.
Quem não deseja?
Escrever pra que?
Se não mostrar desgraça
é talvez por pirraça
que ninguem quer saber...
... então o que resta
é FAZER POR FAZER.
Linaldo Oliveira - ( Composição fruto de um momento tosco do presente)
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
UM CERTO PAÍS
Leis que não julgam
normas que não consertam
homens que desertam
de leitos mortais
país dos aflitos
gerador de conflitos
não muda jamais.
Com heróis renascidos
das cinzas vorazes
dos braços tenazes
de um país "varonil"
que acumula vantagem
pra quem de passagem
não julgou seu perfil.
País muito rico
que nega sua pobreza
com ar de nobreza
no mundo lá fora
quer ser poderoso
e todo vaidoso
se entrega e se aflora.
Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 55)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
LACRES
Indubitáveis são
a nossa geração e voz
incompatibilidade
falsa liberdade
sem nós e sem amarras
sem grana ou garras
homo-miseráveis.
De bebidas caras
de bocas e taras
em caros motéis
de irmãs e filhas
sem lacres nas trilhas
que bramem fiéis
pois entregam-se
e abrem-se.
Linaldo Oliveira - (Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 51)
|
incompatibilidade
falsa liberdade
sem nós e sem amarras
sem grana ou garras
homo-miseráveis.
De bebidas caras
de bocas e taras
em caros motéis
de irmãs e filhas
sem lacres nas trilhas
que bramem fiéis
pois entregam-se
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
ACROSSOFIA
Se não fora um mundo bom
careceu destruir ou imolar
pois o autor de uma obra
tem o direito de desfazer sua criação
retocá-la ou lapidá-la.
Mas, em vendo a bondade
tudo retomara pela reedificação
e novamente o passado emerge
porém existe a promessa
(O arco-íris)
e o autor não volta atrás.
Houve conversão e fé
então, um mediador para as dores
a mão direita e redentora
que sacrificara-se pelo mundo
e voltará para a colheita
porque haverá graça.
Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 44)
careceu destruir ou imolar
pois o autor de uma obra
tem o direito de desfazer sua criação
retocá-la ou lapidá-la.
Mas, em vendo a bondade
tudo retomara pela reedificação
e novamente o passado emerge
porém existe a promessa
(O arco-íris)
e o autor não volta atrás.
Houve conversão e fé
então, um mediador para as dores
a mão direita e redentora
que sacrificara-se pelo mundo
e voltará para a colheita
porque haverá graça.
Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 44)
DESESPERO
Alguém caminha pelas ruas,
olha o relógio,
Ele sente como se enfrentasse
o momento mais terrível de sua vida,
o prenúncio de sua morte,
instantes mais aterrorizantes
que todos os pesadelos que já viveu.
Aperta o passo e olha para o relógio
que parece estacionado no tempo.
O canto dos animais noturnos
mais parece um hino das profundezas do seu ser.
Um frio percorre o seu coração
que acelera mais e mais.
Agora, uma força estranha
o atrai para lugares desconhecidos,
caminhos que seus pés se negam a seguir.
Tenta parar, porém, é levado à força.
Grita com pavor na noite.
... só alucinantes ecos como resposta.
De repente, pensa estar ficando louco
pois o vento frio fere sua alma como fogo
e os galhos das árvores
parecem tenazes braços à sua procura.
Ele grita mais alto,
mas dessa vez só o silêncio,
só lembranças do passado,
imagens de suas vítimas sorriem ao seu lado.
De repente, o vazio total.
... a morte.
Ao acordar, o medo,
pois o pesadelo poderia se tornar realidade.
Então, um juramento forçado,
a chance de se redimir
e, ao menos, tentar e evitar novos erros.
olha o relógio,
Ele sente como se enfrentasse
o momento mais terrível de sua vida,
o prenúncio de sua morte,
instantes mais aterrorizantes
que todos os pesadelos que já viveu.
Aperta o passo e olha para o relógio
que parece estacionado no tempo.
O canto dos animais noturnos
mais parece um hino das profundezas do seu ser.
Um frio percorre o seu coração
que acelera mais e mais.
Agora, uma força estranha
o atrai para lugares desconhecidos,
caminhos que seus pés se negam a seguir.
Tenta parar, porém, é levado à força.
Grita com pavor na noite.
... só alucinantes ecos como resposta.
De repente, pensa estar ficando louco
pois o vento frio fere sua alma como fogo
e os galhos das árvores
parecem tenazes braços à sua procura.
Ele grita mais alto,
mas dessa vez só o silêncio,
só lembranças do passado,
imagens de suas vítimas sorriem ao seu lado.
De repente, o vazio total.
... a morte.
Ao acordar, o medo,
pois o pesadelo poderia se tornar realidade.
Então, um juramento forçado,
a chance de se redimir
e, ao menos, tentar e evitar novos erros.
Linaldo Oliveira - (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 45)
DE ÍCARO À INSANIDADE
Por que voar, se deixar levar
por razões ou motivos insólitos
se na volta a dor é maior?
É preciso voltar e assumir cada papel
pois as aparências e ilusões se confundem
e arrastam os fracos por convicção.
Poder pisar na Terra novamente
é o prêmio de toda uma vida
que, mesmo com pequenas doses
fabrica loucos para exaltá-la.
Linaldo Oliveira
- (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 53)
por razões ou motivos insólitos
se na volta a dor é maior?
É preciso voltar e assumir cada papel
pois as aparências e ilusões se confundem
e arrastam os fracos por convicção.
Poder pisar na Terra novamente
é o prêmio de toda uma vida
que, mesmo com pequenas doses
fabrica loucos para exaltá-la.
Linaldo Oliveira
- (Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 53)
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
CHOFRE
Pela morte, na dor de um ser perdido
na doença da sina desgarrada
que de sangue infecto foi manchada
em epitáfios de mármore, berço ungido.
Pela lágrima que rola desmembrada
de um olho sem brilho e carcomido
mendicante, que vagueia distraído
rumo à lápide de musgo escarpada.
E no lodo que forra a laje fria
tomba inerte, um corpo indo a tumba
dormitando na noite de agonia.
Mas a brisa que envolve e que retumba
sopra leve num compasso de orgia
fabricando de areia a catacumba.
Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 77)
na doença da sina desgarrada
que de sangue infecto foi manchada
em epitáfios de mármore, berço ungido.
Pela lágrima que rola desmembrada
de um olho sem brilho e carcomido
mendicante, que vagueia distraído
rumo à lápide de musgo escarpada.
E no lodo que forra a laje fria
tomba inerte, um corpo indo a tumba
dormitando na noite de agonia.
Mas a brisa que envolve e que retumba
sopra leve num compasso de orgia
fabricando de areia a catacumba.
Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 77)
POÉTICA
Vastos desarrimos gráficos
desvairados nos gozos plácidos
dos lóquios trágicos
irmãos de leite.
Torpes desapuros leigos
visões irônicas de vã letra
na máscara preta
irmãos de sangue.
Críticas oblacionadas ao léu
contravenção de rara helicose
da repulsiva simbiose
irmãos de sexo
(Poesias).
Linaldo Oliveira
(Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 15)
desvairados nos gozos plácidos
dos lóquios trágicos
irmãos de leite.
Torpes desapuros leigos
visões irônicas de vã letra
na máscara preta
irmãos de sangue.
Críticas oblacionadas ao léu
contravenção de rara helicose
da repulsiva simbiose
irmãos de sexo
(Poesias).
Linaldo Oliveira
(Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 15)
DE UMA MORTE CERTA
Posto ao leito de morte
esperado, depois de viver
velhos e intrusos anos...
(Não que a morte me cause desagrado
mas pra vida eu tinha mais planos).
Quando frívolo
sem trama e isolado
um menino, inda novo de enganos
mais mortal que conserto sem eira...
(só um alvo da morte certeira).
Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 31)
PARA UMA MENINA
Pela lágrima que aflora
pelo dor que te devora
coração que faz penar.
Beleza que não se acaba
qual estrela que desaba
pra teu rosto iluminar.
Por que choras flor pequena
que tristeza te condena
tanta angústia em teu olhar.
... mesmo triste, és divina
flor do campo, flor menina
só te resta acreditar.
Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 43)
pelo dor que te devora
coração que faz penar.
Beleza que não se acaba
qual estrela que desaba
pra teu rosto iluminar.
Por que choras flor pequena
que tristeza te condena
tanta angústia em teu olhar.
... mesmo triste, és divina
flor do campo, flor menina
só te resta acreditar.
Linaldo Oliveira (Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 43)
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
MULHER II
Mulher!
És inspiração de beleza
sensual, a rainha da vida
te exalto, qual flor preferida
qual falena de raro esplendor
pois teu sorriso tão belo me exprime
a meiguice de um corpo sublime
que realiza meus sonhos de amor.
Mulher!
És brisa serena
quando brilhas, vestida ou nua
bem mais rara que a joia do Nilo
porque tens a beleza da lua.
Mulher!
És pura harmonia
nos jardins, a mais querida
uma flor sem espinhos, és
o triunfo de uma vida.
(Linaldo Oliveira - Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 45 (1993))
És inspiração de beleza
sensual, a rainha da vida
te exalto, qual flor preferida
qual falena de raro esplendor
pois teu sorriso tão belo me exprime
a meiguice de um corpo sublime
que realiza meus sonhos de amor.
Mulher!
És brisa serena
quando brilhas, vestida ou nua
bem mais rara que a joia do Nilo
porque tens a beleza da lua.
Mulher!
És pura harmonia
nos jardins, a mais querida
uma flor sem espinhos, és
o triunfo de uma vida.
(Linaldo Oliveira - Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 45 (1993))
terça-feira, 2 de agosto de 2011
CONVEXO
Nas pontes decadentes sobre os esgotos
a céu aberto misturados no ar
que de puro é a pobreza e a vida
dos meninos barrigudos de vermes e fome.
Confinados na lama da sala
serão intrusos no asfalto, sempre
(Um rio negro com águas de ferro)
seus sonhos imolados...
Vertem-se os dias em anos
e o futuro passa furtivo
deixando apenas as cicatrizes das dores
os descaminhos traçados
os desabamentos e os sonos interminados
nos choros sem planos
sob(re) os ataúdes toscos
fabricados com tábuas carcomidas
outrora portas.
... e outros nascem.
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 30 (1994))
a céu aberto misturados no ar
que de puro é a pobreza e a vida
dos meninos barrigudos de vermes e fome.
Confinados na lama da sala
serão intrusos no asfalto, sempre
(Um rio negro com águas de ferro)
seus sonhos imolados...
Vertem-se os dias em anos
e o futuro passa furtivo
deixando apenas as cicatrizes das dores
os descaminhos traçados
os desabamentos e os sonos interminados
nos choros sem planos
sob(re) os ataúdes toscos
fabricados com tábuas carcomidas
outrora portas.
... e outros nascem.
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 30 (1994))
POESIA(*)
É um grito de dor
depois do orgasmo.
É um bêbado no chão
rústico.
É o cabo de uma faca
em ancas ou mãos.
É ir ao banheiro
e fazer alguma coisa.
É tirar a roupa
e se achar.
É chorar sem ser homem
e ser homem sem chorar.
É pedir um pão
e não poder pagar.
É ser preso
e aceitar os fatos.
É cair
e dizer um nome obsceno.
É cuspir no tapete
e olhar a mancha.
É deitar-se no esterco
e sonhar com um palácio.
É não ter o que comer
e morrer de fome.
É não ter o que escrever
e fazer poesia(*).
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 16 (1994))
depois do orgasmo.
É um bêbado no chão
rústico.
É o cabo de uma faca
em ancas ou mãos.
É ir ao banheiro
e fazer alguma coisa.
É tirar a roupa
e se achar.
É chorar sem ser homem
e ser homem sem chorar.
É pedir um pão
e não poder pagar.
É ser preso
e aceitar os fatos.
É cair
e dizer um nome obsceno.
É cuspir no tapete
e olhar a mancha.
É deitar-se no esterco
e sonhar com um palácio.
É não ter o que comer
e morrer de fome.
É não ter o que escrever
e fazer poesia(*).
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág.: 16 (1994))
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
ADJUNÇÃO PARA UM SÓ FIM *
Depois de nascer antes de morreR
Uma vinda longa, talvez um curto espaço de tempO
Longevidade insaciável por múltiplos e divisoreS
Tradução de desejos febris com homens imperfeitoS
Aliados a equações perfeitas de existências pluraiS
Na separação de dimensões que solidificam uma matériA
Uma vida poluta de negro letargia e dores do seR
Das heranças de mil gerações instrumentos de pré-loucurA
De citações insolúveis que germinam outras vãS
Receptáculos de vida para uma dosagem maioR
Simples tubos de ensaio nas cobaias remanescenteS
Antes da vida depois da mortE
União de moedas com uma só face
Que se fundem depois de uma existência.
(Linaldo Oliveira - Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 51 (1992))
* (Obs.: Leia as estrofes na horizontal e separadamente na vertical.)
Uma vinda longa, talvez um curto espaço de tempO
Longevidade insaciável por múltiplos e divisoreS
Tradução de desejos febris com homens imperfeitoS
Aliados a equações perfeitas de existências pluraiS
Na separação de dimensões que solidificam uma matériA
Uma vida poluta de negro letargia e dores do seR
Das heranças de mil gerações instrumentos de pré-loucurA
De citações insolúveis que germinam outras vãS
Receptáculos de vida para uma dosagem maioR
Simples tubos de ensaio nas cobaias remanescenteS
Antes da vida depois da mortE
União de moedas com uma só face
Que se fundem depois de uma existência.
(Linaldo Oliveira - Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 51 (1992))
* (Obs.: Leia as estrofes na horizontal e separadamente na vertical.)
SONETO VISIONÁRIO
Pelas dores dos loucos diluídos
pelas lágrimas ínfimas da desgraça
pelo lampejo inerente da cachaça
pelos lânguidos esguichos desmedidos.
Pelos medos inchados de trapaça
pelos tons oitavados e torcidos
pelos nomes de fama, denegridos
pelos bancos maciços de uma praça.
Pelo escarro precedido por um beijo
pela tangente amputada do desejo
pela fome de um sexo sem ardor.
Pelas marcas de suga ou de porrada
pelos crimes que piram a madrugada
pelas palavras deste soneto sem valor.
(Linaldo Oliveira
- Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 65 (1993))
pelas lágrimas ínfimas da desgraça
pelo lampejo inerente da cachaça
pelos lânguidos esguichos desmedidos.
Pelos medos inchados de trapaça
pelos tons oitavados e torcidos
pelos nomes de fama, denegridos
pelos bancos maciços de uma praça.
Pelo escarro precedido por um beijo
pela tangente amputada do desejo
pela fome de um sexo sem ardor.
Pelas marcas de suga ou de porrada
pelos crimes que piram a madrugada
pelas palavras deste soneto sem valor.
(Linaldo Oliveira
- Livro REBENTO & REFLEXIVO
- Pág.: 65 (1993))
UM LUTADOR DA VIDA (Herói Esquecido)
(Linaldo Oliveira - Livro OUTRAS PALAVRAS - Pág.: 74 (1992))
|
com muralhas de dor-solidão
e sozinho por mares bravios
procurei mil venturas em vão.
Hoje o peso do anos me curva
ante a fúria de tempos perdidos
por batalhas e lutas sangrentas
como passos de heróis esquecidos.
Na miragem da vida cansada
um vislumbre de luz me ilumina
nos calabouços escuros trilhados
hoje restos herdados da sina.
Nos vorazes espelhos da vida
me perdi e ora tento me achar
só lembranças dos tempos de glória
que esquecidos jamais vão voltar.
domingo, 24 de julho de 2011
SINA
No meu semblante, vislumbro:
meus medos, minhas frustrações e temores.
Vejo a vida se esvaindo
saindo, como sangue em dique
estando eu a um clique, talvez
de minha solidez...
(Não estanco, nem líquido nem verve).
O lampejo do meu olho me confunde
não somente pelo brilho.
Mas me transfere pra minha ilusão
minha solidão...
Meu insólito mundo?
Íntimo reduto incolor
que transcende minha mente.
As horas conspiram-se
me impelem ao esquecimento...
Porém ainda não me vejo débil
e nem mortiço...
Minhas veias ainda latejam
e prometem atividade.
Não sei
se mente ou corpo
se aura ou carma
se cura ou ferida
se morte ou vida...
... somente da sina sei.
(Linaldo Oliveira - 24/07/2011)
meus medos, minhas frustrações e temores.
Vejo a vida se esvaindo
saindo, como sangue em dique
estando eu a um clique, talvez
de minha solidez...
(Não estanco, nem líquido nem verve).
O lampejo do meu olho me confunde
não somente pelo brilho.
Mas me transfere pra minha ilusão
minha solidão...
Meu insólito mundo?
Íntimo reduto incolor
que transcende minha mente.
As horas conspiram-se
me impelem ao esquecimento...
Porém ainda não me vejo débil
e nem mortiço...
Minhas veias ainda latejam
e prometem atividade.
Não sei
se mente ou corpo
se aura ou carma
se cura ou ferida
se morte ou vida...
... somente da sina sei.
(Linaldo Oliveira - 24/07/2011)
AFERRO A UMA FLOR
É bonita, transparente e meiga a flor,
tão perfeita, se encaixa em qualquer canto:
num buquê, num espinho ou mesmo num manto
e no perpétuo trâmite do amor.
não me canso de escrever em seu louvor;
e mesmo que a solidão me cause dor
não me permito desapontá-la com meu pranto.
Sei que a flor me almeja e compreende
me acompanha na alegria que se acende,
na amargura, na desgraça ou mesmo na sorte,
Pois se nasce pequena, inda em botão,
já me adora com apego ao coração
e me segue a vida inteira (até na morte).
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Pág,: 73 (1994)).
sábado, 23 de julho de 2011
INCONGRUÊNCIAS
Livro publicado com Apoio Cultural: |
desvendei meus pesadelos
e deixei-me levar pelo ímpeto
consumido em sofreguidão
na tentativa desenfreada de vencer
ou deter o tempo e o vento
responsáveis pela minha solidez.
Quando julguei-me áureo
minhas crenças estilhaçaram-se
e milhões de pedaços
fincaram-se no chão
como ditames mortais
impregnados de plasma
num abastecimento pleno.
Outra vez busquei razões
na certeza de enlouquecer
ao revelar-me pudico
sem público
sem conspiração com o germes
do meu corpo micro
menos habitado que só
(o que vi foi o caos
meus desejos usurpados
meus amores incitados
meu pensamento inapto
meu destino curto).
Plantei flores estúpidas
em campos invadidos
sonhei com um Eldorado
numa guerra psicótica
e hasteei ideologias
como um louco
transcendendo o real
repetindo o que foi dito
e chorando como pedras
(apaguei minha mente).
Como numa película viva
entre a retina e névoa
vi minhas utopias desfiguradas
prismatizadas no nada
inames ditaduras
cobrando dependências
invertendo imagens
manipulando veredictos
os quais temi pigmentar
quando ainda podia
deixá-los em preto e branco.
Conservei-me lúcido
por breves anos
descrente da vida
crente da morte
inventando paradigmas
meio desmaterializado
como uma fumaça negra
um gás venenoso
um rosto apagado.
Aviltei meus conhecimentos
exaltei minha hipocrisia
conflitei meus planos
deitando por terra
meus ideais castrados.
Cavei minha cripta
na cemitério meu
onde enterrei meus dias
e num passado fósmeo
meus pesadelos sepultei
desprovendo-me de meus fantasmas
quando os mesmos germinaram
e dores íntimas nasceram.
Na minha psicalgia
sublevei meus reinos
confundi minhas promessas
procurei um amor edaz
indomável como meus dedos
(pequenos fragmentos de carne)
nocentes e curiosos
por prazeres inconcebíveis.
Deixei-me hipnotizar
pela minha psique
tentando achar-me útil
sem preconceitos lânguidos
sem crimes passionais
sem tons esquálidos
sem ser considerado estorvo
ou simplesmente humano.
Ante minhas mentiras
fui receptáculo de escória
pois as leis me condenavam
e cobravam-me o pudor que denunciei.
Mesmo sendo infecundo
prossegui sem me limitar
pisando em sementes férteis
destruindo futuros benéficos
porque tudo o que eu queria
era encontrar meu oásis
no deserto do meu coração
(acéfalo e inconstante)
sem abrir frestas.
Ostentei o dinheiro
logrando minha consciência
aniquilando os empecilhos
ou simples conselhos
que não eram pagos.
Atuei em papéis indivisos
considerando-me capacitado
indócil e orgulhoso
sem lembrar que a altura
é companheira da queda
e que sob meus pés
estavam os mesmos espinhos
que eu havia plantado
com minha arrogância
(a prepotência de um tirano
a insensibilidade de um nebri).
Tentei reconciliar fatos
roubando ideias
sancionando leis
sem me imaginar fugaz
pois as tréguas simples
haviam se tornado lamentos
pelos gritos de minh´alma
corrompida pelo egoísmo.
Cristalizado sem pedestal
cantei e escrevi conceitos
me simplificando apto
como um herege
que pudesse revolucionar infernos
ou luas pálidas
em busca de ladros
em gargantas práticas
que sempre me ovacionaram.
Permaneci nédio
cumprindo a sina paradoxal
que limitava meu ego
não mais jovem e hesitante.
Compus meu "heu"
e cantei meus caminhos
sempre convalescendo
procurei meu interior
a gênese do meu ser
(vi meu primogênito grito
povoado pelas minhas facções
e meus recalques últimos).
Por convicções insólitas
e em busca de perfeição
alimentei abismos
e não encontrei forças
para uma egrégia escalada
ao quedar-me no fundo
como raiz seca
(hipócrita e contrita
traiçoeira e podre).
Sem aptidões heroicas
pequei em contradições
roubando meu espírito
(desleal e vivo
desumano e abruptamente).
Sobrevivi como terra
explorando lamas
na divagação da vontade
julgando e condenando
(anti-social fui)
pálido remanescente
submetido a pretéritos.
Dominado pelo erro
e emulado por fora
invadi a redoma disforme
que revestia minha fortaleza
meu carma disfarçado em palavras
interrogações e vírgulas
e leguei-me covarde
mesmo sabendo que não era o único...
(Linaldo Oliveira - Livro ANVERSO LACÔNICO - Págs.: 55,56, 57, 58, 59 e 60 (1994))
PSICALGIA
No cemitério de minha solidão
enterrei meus pesadelos
minhas vidas, meus sonhos
desprovi-me dos meus fantasmas
meus tormentos e amarguras.
(Feri-me
derramei minhas lágrimas por mim
e paulatinamente um jardim floriu
nasceram flores íntimas
meus recalques
meus medos
alguma alegria
outra dor...
Podei umas, pisei outras
e encontrei-me...
Segurei-me à mão e saímos
sempre lado a lado
meus distúrbios e eu).
(Linaldo Oliveira - Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 51 (1994))
enterrei meus pesadelos
minhas vidas, meus sonhos
desprovi-me dos meus fantasmas
meus tormentos e amarguras.
(Feri-me
derramei minhas lágrimas por mim
e paulatinamente um jardim floriu
nasceram flores íntimas
meus recalques
meus medos
alguma alegria
outra dor...
Podei umas, pisei outras
e encontrei-me...
Segurei-me à mão e saímos
sempre lado a lado
meus distúrbios e eu).
(Linaldo Oliveira - Livro REBENTO & REFLEXIVO - Pág.: 51 (1994))
quarta-feira, 20 de julho de 2011
MULHER
Mulher, sublime querida
pura tradução de vida
maior beleza que o mar
ternura, bálsamo de flor
por ti há de se entregar
e se morrer de amor.
Qual borboleta diáfana
teu sorriso é paz e cores
teu perfume trai as flores
tingindo as noites profanas
até do céu sempre emanas
teus encantos pelas ruas.
Oh, mulher! Tu és portanto
paixões efêmeras e nuas.
Mulher, tu és pensamento
busca, brilho e sedução
inspiradora de sonho
talvez sejas, eu suponho
de toda vida, a razão.
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 73 (1992))
pura tradução de vida
maior beleza que o mar
ternura, bálsamo de flor
por ti há de se entregar
e se morrer de amor.
Qual borboleta diáfana
teu sorriso é paz e cores
teu perfume trai as flores
tingindo as noites profanas
até do céu sempre emanas
teus encantos pelas ruas.
Oh, mulher! Tu és portanto
paixões efêmeras e nuas.
Mulher, tu és pensamento
busca, brilho e sedução
inspiradora de sonho
talvez sejas, eu suponho
de toda vida, a razão.
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 73 (1992))
terça-feira, 19 de julho de 2011
VIL BANQUETE
Chega tímido e sorrateiro
- Será que alguém está me vendo?
Procura no lixo com avidez, restos de comida:
Talvez?
- Um osso, que bom!
Não, está podre!
Que triste cena
tão repugnante espetáculo.
Um débio sorriso.
- Amanhã, voltarei...
... chega o dia seguinte.
Porém, sua esperança é perdida:
- Maldito cachorro!
Chegou antes de mim.
Mas, amanhã...
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 23 (1992))
- Será que alguém está me vendo?
Procura no lixo com avidez, restos de comida:
Talvez?
- Um osso, que bom!
Não, está podre!
Que triste cena
tão repugnante espetáculo.
Um débio sorriso.
- Amanhã, voltarei...
... chega o dia seguinte.
Porém, sua esperança é perdida:
- Maldito cachorro!
Chegou antes de mim.
Mas, amanhã...
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 23 (1992))
sexta-feira, 17 de junho de 2011
VIDA!!
Vida!
Insignificante vida mera
fortalece a vinda de um sonho
quando preto, porque verde
medo, realidade não perfeita.
Vida-comunhão, explosão de tudo
quando utopia de pão e vinho
se não pretende rendição
por que canção, por que lágrimas
se emoção existe na água e no fogo?
Vida ferida, calor imperfeito
incoerência, inocência sem fúria
por que lutar, se vender, vencer
depois de crescer, sem poder se perder
ou abrir asas sem pudor?
Vida que passa, razão que se esvai
e o tempo se enfraquece também
como ficção, ares e pétalas
máscaras de filosofias
desabando sobre o mundo
sob o temor de acordar
nas profundesas do ser
sem o perigo de nascer.
Vida de aparências e enganos
com os mátires na consciência
e a morte na nova invenção.
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 17 (1992))
Insignificante vida mera
fortalece a vinda de um sonho
quando preto, porque verde
medo, realidade não perfeita.
Vida-comunhão, explosão de tudo
quando utopia de pão e vinho
se não pretende rendição
por que canção, por que lágrimas
se emoção existe na água e no fogo?
Vida ferida, calor imperfeito
incoerência, inocência sem fúria
por que lutar, se vender, vencer
depois de crescer, sem poder se perder
ou abrir asas sem pudor?
Vida que passa, razão que se esvai
e o tempo se enfraquece também
como ficção, ares e pétalas
máscaras de filosofias
desabando sobre o mundo
sob o temor de acordar
nas profundesas do ser
sem o perigo de nascer.
Vida de aparências e enganos
com os mátires na consciência
e a morte na nova invenção.
(Linaldo Oliveira - Livro Outras Palavras - Pág.: 17 (1992))
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